
Já testemunhei alguns eclipses da Lua, totais ou parciais. Nessas ocasiões, não deixo de contemplar o fato de que a sombra vista na superfície do satélite natural é uma projeção do meu próprio mundo, o planeta em cuja superfície moro e vivo.
Não que uma sombra negra que avança lentamente e se torna avermelhada denote que meu mundo, este planeta, seja um lugar onde o Brasil passa por uma crise política e econômica verdadeiramente tenebrosa.
Ou pela extrema violência praticada por humanos contra humanos que pode, simplesmente, aniquilar esta civilização. Ou ainda a crise climática que ameaça nos deixar sem água potável.
De fato, ali, naquela sombra de tons sanguinolentos, estão contidos todos os nossos dramas. Ela é como um exame de raios-X cósmicos, a denunciar para os céus a triste condição humana. Aquela escuridão cor de sangue era apenas o retrato da nossa própria angústia.

Contudo, o eclipse é também um fenômeno bonito e logo, naquela mesma sombra, está também a imagem do que nos torna felizes, de uma forma ou de outra.
E, de modo geral, a sombra de um mundo que é o que é: o único objeto sideral no qual podemos, sabemos seguramente, morar e viver.
Não por culpa da convexidade lunar
Agora, este mundo aqui não é plano nem pontiagudo. Foi o que notei ao ver nossa sombra projetada na superfície da Lua, durante o eclipse total do astro.

Quando observo esse fenômeno, não posso deixar de notar que a escuridão ali depositada tem borda arredondada e o objeto que a projetou deve ter essa mesma forma.
E não há como argumentar que, na verdade, a sombra arredondada que engolfou a Lua teria sido projetada por outro objeto que não a Terra.
Nem dizer que é arredondada porque a Lua, esta sim, é esférica: a convexidade lunar teria feito as bordas retas ou pontiagudas da sombra terrestre se distorcerem para acompanhar a forma da Lua, dando a falsa ilusão de que era redonda.
Cone gigantesco
Astronomicamente falando, este planeta mede 12.756,6Km de diâmetro, no Equador. Ao ser iluminado pela estrela mais próxima, o Sol, emite uma sombra que começa com essas mesmas dimensões e se projeta no espaço na forma de um cone gigantesco.

Ao atingir a distância em que a Lua se encontra, reduziu sua largura para cerca de 9 mil quilômetros de diâmetro, 2,5 vezes maior que satélite, que mede 3.476,28km de diâmetro, no equador.
E continua se afunilando na imensidão sideral até 1,38 milhão de quilômetros, equivalente a 3,6 vezes a distância média Terra-Lua, 380.000 km.
Bem, um evento como o visto de todo o Brasil na noite/madrugada de domingo/segunda-feira, 27-28 de setembro de 2015, mostra que nosso mundo é, mesmo, redondo.
Prova mais antiga
Seguramente, a forma da sombra foi a primeira prova de que a este mundo é redondo, embora já se acreditasse, num passado muito remoto, que a ele era plano.

Contudo, há provas de que uns 300 anos antes do início da Era Cristã os gregos já sabiam que a Terra era esférica.
Erastótenes de Alexandria, que viveu entre 276 a.C. e 194 a.C., escreveu um livro chamado “Sobre a medição da Terra”, em que descreveu o procedimento para medir a circunferência da Terra, o que ele mesmo executou, com bastante precisão.
Ora, só se tem circunferência um objeto arredondado, ou esférico. O fato é que a imagem da Terra projetada na distância, na Lua, é sempre uma visão esclarecedora.
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